segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Fotos


Eu gosto de fotos.

Gosto das lembranças,

Gosto de reviver os momentos.

O que você planeja para daqui há dez anos, pode estar acontecendo agora e você não percebeu.

Mantenha-se vivx.

Eu gosto de fotos...


#escritapreta #vivências #fotos #lembranças

Autoreflexão

Em 2022 eu...

Me escolhi várias vezes

Renasci várias vezes e várias vezes

Passei a me aceitar mais

A me ouvir mais

Me superei em coisas que eu achava impossível

Me permiti ser ainda mais feliz e tentei trazer o máximo de pessoas para compartilhar essa felicidade

Encontrei o F1 duas vezes no mesmo ano, para casar as amigas

Reencontrei o Hueider e parecia que a gente nem tinha ficado tanto tempo longe

Vi o resultado de falar pras pessoas: VAI VIVER!!

Curti dois dias de carnaval, mas tinha samba (foi por isso)

Comemorei meu aniversário com bolo do meu signo

Fiz trilhas

FUI NO ENSAIO DA MOCIDADE!!!

Fui no show do Jorge Aragão, Fundo de Quintal e da Leci Brandão

Entrei na modinha e fiz o vídeo do "desenrola, bate e joga de ladinho" com a Sil 

Tentei participar da roda de alunos do Fruta do Pé tocando atabaque 

Voltei as aulas presenciais

Fui ao baile charme e descobri que não é facinho quanto parece

Matei a saudade do Wakanda 

Fui uma madrinha linda 

Me aproximei do sagrado 

Iniciei meus estágios 

Mudei para a casa nova 

Comecei meu TCC 

Amei a vida, amei a existência ao ponto de não querer deixá-la. Senti dor, saudade, frustrações por precisar relembrar traumas do passado. Achei os caquinhos que estavam me ferindo lá no fundo e eu não via. Enxerguei as feridas, dei a mão a curandeira e tempo para elas sararem. Conquistei coisas que o dinheiro não compra: pessoas, sorrisos, olhares e experiências. 

E isso não quer dizer que foi um ano bom, tranquilo, mas foi mais um ano em que eu pude ser eu mesma, enxergar o sentido de eu estar aqui e saber para onde preciso ir. Vai parecer repetitivo, mas obrigada a minha família espiritual por me mostrar o caminho e me guiar quando eu escolho seguir por ele. Sem vocês eu não conseguiria. Obrigada por cada pessoa que entrou e saiu deste caminho, todes trouxeram um aprendizado.


#vivências #amor #vida #amizade #2022

Então, o amor preto cura?


Em alguns dos livros e textos que já li sobre amor e relacionamentos, como "O espírito da intimidade" de Sobonfu Somé, "Amor, liberdade e solitude. Uma nova visão sobre relacionamentos" na perspectiva de Osho, "Comer, Rezar, amar de Liz Gilbert, "Vivendo de Amor" por Bell Hooks e "Conversas Corajosas de Elisama Santos, me fizeram enxergar e refletir sobre o que é o amor? E entendi este para além de um sentimento direcionado a um objeto, que geralmente é um par romântico. O amor é também um conjunto de atitudes direcionadas a promoção de um bem estar. Seja para você, para o outro ou ainda para uma comunidade.

Fato é que nos ensinaram que amar é se anular para fazer com que outra pessoa se sinta bem, mas não é assim. Como você pode ofertar a alguém algo que você não tem, não sabe o que é, ou nem sabe se quer?

Para entender o que é amor e praticar em uma relação, precisamos começar por nós, por nosso autoconhecimento. Os relacionamentos são importantíssimos nesse sentido, pois nos auxiliam a conhecer e estabelecer nossos limites, porque como sempre digo: relacionamento é troca. Mas a relação com nós mesmos, aprendemos a saber o que gostamos ou não, o que queremos ou não, o que é importante ou não para nós, como nossas crenças, nossos valores e a partir disso criar ou fortalecer a autoestima para que possamos estabelecer nossos limites e respeitá-los.

Tratando-se do "amor preto", vou pensar ele aqui como um amor próprio. Podemos dizer que quase toda a população negra tem uma enorme dificuldade com a prática do autoamor em decorrência do racismo, conforme Neusa Santos Souza descreve em seu livro Tornar-se Negro. Neusa explica que na construção do Ideal do Ego dos negros em em diáspora, o modelo de referência é o homem branco, já que este é reconhecido como o único sujeito. Isso faz com que "O negro" negue toda e qualquer característica que o distancie deste modelo ideal, construindo assim uma autoestima enfraquecida e resultando em uma enorme dificuldade em se relacionar com esse mundo que constantemente o nega e não o reconhece e principalmente com seus semelhantes.

Historicamente, vemos esse reflexo muito maior sobre os homens negros. Sejam na dificuldade em construir e manter um relacionamento afetivo, na dificuldade em exercer a paternidade, na dificuldade de falar de suas dores, de seus sentimentos, nos altos índices de mortalidade, de alcoolismo. Nas mulheres vemos a dificuldade em conseguir se relacionarem por serem preteridas, em muitos casos serem abandonadas ainda gestantes, entre outras inúmeras formas de extermínio da população negra.

Nesse sentido, torna-se inviável se relacionar por conta de todos esses atravessamentos, tornando a população negra muito mais fechados para um relacionamento amoroso, por medo de serem machucados novamente e sobretudo por não conseguirem se expressarem sobre isso.

Mas eu tenho aprendido que amor preto é amizade, é acolhimento, é agregar, é estender a mão quando o outro precisa e mais do que isso é estar conectado para conseguir perceber quando o outro precisa. Para mim, ele está muito no sentido de ofertar e receber afetos nas várias relações em que estamos inseridos. Não se restringe a uma relação amorosa. É sobretudo um amor que precisa iniciar primeiro de você, para você.

Essa perspectiva foi sendo construída muito a partir da minha aproximação com a ancestralidade. Lembro que a primeira consulta espiritual que tive em uma gira de umbanda, foi com um caboclo. O mesmo me disse que eu precisava praticar o auto amor, me orientou a ter práticas que me fizessem enxergar quem eu era, meu valor, etc. Naquele dia, eu sai da gira pensando que tudo que ele disse eu já sabia, acabei por esquecer por algum tempo. Mas meus ancestrais (por isso a escolha dessa imagem) a quem eu honro e agradeço, me fizeram trilhar caminhos onde eu entendi que por mais que eu soubesse eu não praticava e eu já não podia mais agir assim e continuar a sofrer. 

Muitas leituras, conversas, orações e choros foram necessários para que eu começasse a entender e praticar o tal auto amor. Me liberar de coisas que não pertenciam a mim, para dar espaço para o amor brotar. Porque a fonte é interna. Foi necessário me recolher, me ouvir, me reconhecer, observar, sentir. E hoje eu posso dizer que sim, o amor preto cura. Mas é preciso que esse amor e essa cura comecem por você.

Mas sei que o amor nasceu dentro de mim
Me fez renascer, me fez despertar 
(Arlindo Cruz)

Belezas são coisas acesas por dentro
(Gal Costa)


#aquilombar #amor #amorpreto #amorpróprio #ancestralidade #umbanda #escrevivências

Imagem: https://guiadaalma.com.br/preto-velho-preta-velha/

sábado, 12 de novembro de 2022

Processos



Quando a Ana fez esse rascunho eu vi e disse: Nossa! Que linda! Quem é? E eu lembro da Ana e a Thais dizerem é você.

Eu fiquei espantada e pensativa por muito tempo. E só vinha a minha cabeça: como eu não tinha me visto? Porque eu não me reconheci? Ali ficou claro minha dificuldade com autoimagem.

Nessa época eu estava também iniciando meu processo de autoconhecimento, de buscar saber quem eu era, pela Psicologia, mas muito mais pela espiritualidade que dia após dia me faz esse convite. Porém, esse é um processo que só acontece se você consegue parar, andar devagar, observar e sentir.

Hoje é mais um dia nesse processo, eu já consigo saber muito mais de mim hoje do que mês passado ou há um ano atrás. Mas ele é contínuo, é progressivo a cada linha de chegada outra estrada se apresenta, mas quem me conhece sabe que esse é meu movimento. Aliás eu estou sempre em movimento.

Trouxe aqui essa reflexão para fazer um registro pessoal, mas também trazer a reflexão sobre a necessidade de olharmos para nós, para nosso corpo e ouvir o que ele tem nos dito, tem pedido e isso só acontece quando a gente para.

Estamos acostumados a uma modo de vida que nos faz estar constantemente em movimento, mas um movimento que nos distância de quem somos. Que não nos permite saber e nem ser quem somos. E ir na contramão dele exige disciplina, vontade e principalmente coragem. Coragem para quando nós depararmos com um eu que não é nem um pouco parecido com o que queríamos. E isso assusta. Mas também traz liberdade.

Então, pare um pouco para se ouvir. Quebre o ciclo. Sinta o seu corpo gingar e descubra onde ele quer te levar.


#autoconhecimento #espiritualidade

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

E quero ser eu independente de quem seja você.






Esse texto como todos os outros, nasceu de uma inquietação a respeito de uma breve conversa com uma amiga, sobre autoestima e autoimagem. Mas nós nem estávamos falando desse assunto, apenas conversávamos sobre coisas que nos atravessam e de repente o assunto migrou.

E eu disse a ela que no fundo a gente sabe. Mas às vezes é um pouquinho difícil aceitar, entender não sei. E que outro dia eu tinha comentado com uma outra amiga que eu já tinha entendido a mulher que eu precisava ser, mas estava difícil encontrar ela aqui dentro. Mas eu a vejo, às vezes.


E isso não saiu da minha cabeça até que veio o título desse texto e eu fiquei refletindo sobre quem eu era, quem eu queria ser, quem eu queria ver.


É difícil às vezes a gente se enxergar, principalmente quando você passou uma vida inteira deixando as pessoas dizerem quem você era. Mas chega um momento em que isso começa a te incomodar e você encontra o vazio, porque você não consegue reconhecer quem tá ali.


Eu já escrevi alguns textos falando desse processo de reencontro, de redescoberta e o quanto ele pode ser doloroso porque parece que todo dia aquela ferida que parecia estar cicatrizando começa a sangrar. Mas ao mesmo tempo, você lembra que já caminhou um pedaço da estrada e que até aqui conseguiu caminhar. Não faltou acolhimento, não faltou alimento, não faltou cura e que na maioria das vezes isso veio de você.


Eu uso a imagem de mamãe Oxum pedindo sua benção e licença, mas porque o espelho que ela traz, tem também o significado de refletir quem nós somos, da busca pelo amor próprio e seu próprio eu. Que tudo começa em você.


Ora yê yê ô.

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#autoestima #autoimagem #autoconhecimento #autoamor #amorpróprio #oxum


Imagem: https://www.brasilcultura.com.br/menu-de-navegacao/antropologia/oxum/


sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Você já refletiu sobre suas relações?

Essa semana eu li a frase: "As relações nos mudam".

De fato, as marcas que as relações nos deixam são extremamente significativas para nossas vivências. As primeiras relações de nossa vida influenciam na forma como iremos nos comportar em todas as relações ao longo da vida. Sejam elas familiares, de amizades ou amorosas.

Mas, o que fazer? Devemos evitar de nós relacionar para evitar essas marcas?

Reflita comigo. Quanto tempo você acha que conseguiria manter essa prática? Isso lhe faria bem? 

Acredito que o melhor comportamento que podemos ter em relação a isso é: repensar a forma como estamos nos relacionando. Avaliar os tipos de relações que temos e observar com quem estamos nos relacionando.

O que essas relações tem produzido? Bem estar ou adoecimento? 



#saúdemental #relacões #vivência #adoecimento #bemestar

terça-feira, 23 de agosto de 2022

"Foque no que há de verdadeiro em você mesmo."



Nada tem feito tanto sentido pra mim, quanto dar ouvidos a voz que vem de dentro, mas para isso tenho precisado silenciar.


Silenciar o barulho das opiniões dos outros, silenciar o medo, silenciar os anseios pelo futuro que eu não sei qual é. E como poderia saber se eu não sei nem como o quero? Não sei quem eu sou.


Às vezes a gente precisa parar, observar, se reorganizar para seguir. Como o Sankofa que “Quer dizer que quando você se esquece de algo é preciso retornar ao lugar onde o acontecimento foi esquecido para recuperá-lo. 


Eu que sempre ando na correria, fazendo mil coisas ao mesmo tempo, falando igual tagarela não estava conseguindo nem me ouvir. Outro dia, conversando com uma amiga, contei sobre um sonho que tive e ela logo falou: "Claro né, Bia! Porque se não entrar na sua frente você não para." E foi exatamente o que precisou acontecer. O que está acontecendo. 


Quem acredita em espiritualidade,  em ancestralidade sabe, mil mensagens são passadas a você para te auxiliar a encontrar o propósito para o qual veio aqui e se você não estiver atento, não tem como entender.


Foi preciso entrarem na minha frente pra eu perceber, pra eu desacelerar, pra eu observar, voltar lá atrás, me reorganizar, lembrar das feridas, revive-las, ressignificar e seguir.


Fácil? Não, porque quando você observa você enxerga coisas que muitas das vezes não queria, que doem, que te tiram da zona de conforto, mas que te trazem consciência e racionalidade e te auxiliam a entender o caminho, te auxiliam a aceitar o processo e florescer.


Só aí, depois que passa o vendaval a gente começa a enxergar as coisas e as pessoas como são e da forma que precisam ser. Tem sido desse lugar que eu começo a me ver. Começo a me enxergar para saber quem eu sou e para o que vim.


Esse texto não está terminando assim como esse processo. Ainda tem muita água pra jorrar, muito amor pra nascer. Mas deixo para reflexão uma frase de um dos textos maravilhosos de Janaina Portella, que tanto têm contribuído com esse processo. 


"Sim, estrategicamente esquecemos para o que viemos, a missão é lembrar." 

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Referência: https://www.geledes.org.br/sankofa-a-africa-que-te-habita/


#fé #ancestralidade #calma #propósito #sankofa

quarta-feira, 4 de maio de 2022



"A lua se move lentamente, mas atravessa a cidade." Provérbio africano.

Minha avó sempre nos ensinou através dos seus provérbios. Se nós, seus netos, nos reunirmos hoje a única certeza que tenho é a de que vamos relembrar vários dos provérbios que ela usou para nos educar. E todo nosso caráter é pautado sob isso. Uma mulher negra, não letrada que sustentou três gerações, seja financeiramente, seja emocionalmente. Minha avó, era o centro. Era a nossa base. Não por acaso quando somos subestimados em alguma situação, dizemos: eu sou neto ou neta de dona Maria.


Todas as pessoas que a conheceram quando lembram, trazem sempre uma história de amor, carinho e cuidado. Eu cresci vendo minha avó ajudar pessoas que não tinham o que comer, ajudando casais que viviam brigando e iam se aconselhar com ela, ouvindo-a dizer: "se eu tiver um punhado de farinha e tiver alguém precisando eu divido", "fazer o bem sem olhar a quem", "se você achar alguma coisa mesmo que seja no quintal, devolve porque tem dono", "leva sombrinha e casaco porque vai chover", mesmo estando um sol de quarenta graus no Rio de Janeiro. E geralmente chovia. Esses e muitos outros ensinamentos como fazer comida, cuidar da casa, lavar suas louças, pentear o cabelo, curar qualquer doença com plantas, ter fé… Minha avó era uma imensidão dentro de um corpo.


Lembrar de tudo isso é pensar em ancestralidade. É ver na prática a importância da oralidade para os povos de matriz africana. É pensar o papel da figura feminina em uma sociedade não patriarcal. A história de minha avó é única ao mesmo tempo que não se  difere da história de milhares de mulheres negras que habitaram e habitam esse país.


As vezes eu paro para refletir em determinados comportamentos que tenho e penso: É, como eu uma mulher negra, que cresci com os exemplos de mulheres que sempre foram fortes, destemidas, determinadas, independentes, que não mediram esforços para sustentar seus filhos e alcançarem seus sonhos poderia ser diferente? "O fruto nunca cai longe da árvore". 


Deixo claro aqui que eu não excluo os poucos exemplos masculinos que tive. Mas essa é mais uma constatação de como são formadas as famílias negras neste país.


Dedico esse texto às mulheres da minha vida porque eu sei que "eu sou uma, mas não ando só".


#povoada #mulhernegra #ancestralidade #vó #maria