quarta-feira, 20 de maio de 2020

Quando vamos parar de tentar embranquecer? Sobre as mortes dos meninos Joãos.

Eu não precisaria acrescentar nenhuma palavra sobre esse evento que exprime a realidade da vida dos negros no Brasil, porque eu vi muitas situações como essa bem de perto. Dói muito todas as vezes que vejo uma notícia triste, desesperadora, e todos os adjetivos ruins inerentes a ela, porque são meus semelhantes. Eu não consigo ver tudo isso e não sentir um pesar.
Ainda não superei a morte de Marielle Franco, todas as vezes que lembro sinto uma dor no peito que levei muito tempo para entender o porquê sentia aquilo. Até que um dia, uma mulher negra, psicologa, relatou a vivência de uma paciente que morava em uma das comunidades do Rio e sentia forte medo de sair de casa, porque ela via quase que diariamente corpos negros estirados no chão como resultado de tamanha violência em nosso país, especificamente contra os negros. E sabemos o porquê, sabemos desde quando, mas continuam querendo calar nossas vozes e invalidar nossa existência. Aquela mulher se enxergava naqueles corpos e tinha medo de que um dia a pessoa deitada ali fosse ela. Muitos vão dizer "ah! Besteira. Isso nunca vai acontecer a ela." Mas a realidade, as histórias que são mostradas (por que muitas não são) dia após dia, legitima o medo dela. E só ai eu entendi meu sentimento em relação ao assassinato de Marielle. É "o sentimento... de aversão à privação da liberdade praticada contra a população negra no Brasil".

Por várias vezes, me peguei pensando e temerosa pelos meus primos que estão na mesma faixa etária do João, serem vitimas como ele ao andarem pelas ruas, entrarem nas lojas, e outras vivências, que só uma pessoa de pele preta sabe como é, quando eles simplesmente só estão tentando ser adolescentes. Porém, o jovem negro no Brasil, infelizmente, não tem o mesmo direito do "Branco", porque sua cor chega antes de qualquer coisa.
Coincidentemente, nos últimos dias eu estava lendo o livro Pele negra, Máscaras Brancas de Frantz Fanon, e fico me perguntando (muito indignada) quando a população brasileira vai evoluir de verdade? Parar de jogar para debaixo do tapete seus preconceitos, sua hipocrisia, seu egoísmo, etc e encarar suas mazelas (que foram bem evidenciadas nos últimos três anos). Quando vamos parar de acreditar que a cor da pele faz um ser humano melhor que outro? Quando vamos parar de tentar embranquecer? Quando vamos nos descolonizar?
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#BlackLifesMatters

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Como você está passando o isolamento social?

Em tempos de pandemia, observando a forma como amigos e familiares têm passado por esse momento tão atípico para nós e como estudante de Psicologia, percebi a importância de tentar relatar e sugerir algumas formas de lidar com tudo isso.
Tenho percebido de forma variada pessoas passando o momento de forma muito tranquila e outras nem tanto. Peço aqui desculpas por usar os relatos de alguns, porém, a única intenção é ajudar a outras pessoas que estejam na mesma situação.
Algumas pessoas estão preocupadas e com medo de terem seus familiares e amigos contaminados pela COVID-19, assim como temerosos pelos que já foram contaminados e não têm reagido bem. Outras não estão conseguindo encontrar uma atividade que o acalme, que as apreendam. E muitos de nós que já cansamos das lives, das vídeos chamadas, das redes sociais, dos telejornais e ficamos entediados e irritados por termos nossas liberdades restringidas.
Primeiro tente acalmar a mente, não reprima suas emoções e sentimentos, mas, sobretudo tente identifica-las e entender o que e o porquê está sentindo.
Acredito que nesse momento ter a fé é de grande importância. Independente de sua crença ou religião ou se você não tem nenhuma, acredite que logo tudo isso vai passar e que voltaremos as nossas atividades.
Tente ligar para seus amigos e familiares para falar e ouvir como tem sido suas rotinas, pois é uma forma de distrair e aliviar o estresse de vocês.
Ouça músicas que você goste e que te acalmem.
Tente meditar, fazer yoga ou simplesmente coloque uma música, sente-se em algum lugar confortável e aproveite a sua própria companhia. Pense não no que vai acontecer de ruim após a pandemia, mas tente lembrar-se das coisas boas que você alcançou até aqui e poderá alcançar quando tudo isso passar.
Aproveite para ler os livros que você não conseguia, se você está com a família, amigos, parceira (o) que tal lerem juntos?
Se você tiver quintal, ande por ele, tome um banho de sol.
Para crianças têm canais no You Tube de contadores de histórias. Pintar, desenhar.
Se você sabe e gosta tente plantar, costurar, fazer crochê nada mais tranquilizador e que nos ajuda a entender que tudo tem um processo e que leva um tempo para finalizar e que nem sempre o resultado será satisfatório. Aprendemos também que algumas coisas fazem parte da vida e não podemos mudar e outras que podemos fazer de outra forma e obter melhores resultados.
Faça exercícios físicos, alongamentos, exercícios respiratórios.
Tente manter uma mínima rotina possível nas suas atividades.
E se ainda assim não conseguir realizar nenhuma atividade que o acalme, está sentindo grande ansiedade, tristeza que afeta sua vida cotidiana entre em contato com uma psicóloga ou um psicólogo, muitos têm atendido online e em projetos gratuitos para atender a população nesse momento tão difícil.
E a você que está na linha de frente nessa pandemia, que precisa sair para trabalhar nos serviços considerados essenciais ou que infelizmente não pôde parar ou ser dispensado, ao sair siga as orientações dos órgãos responsáveis: lave bem as mãos, use máscaras, álcool em gel e mantenha a distância recomendada.
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