quinta-feira, 16 de agosto de 2018

O que escondem as redes sociais?

Provavelmente, quando viu o título deste texto você imaginou que ele falaria de algum perigo inerente ao uso das redes. Talvez tenha pensado em fraudes etc, mas quero falar um pouco sobre os perigos emocionais e psicológicos que as redes sociais escondem.

Navegando pelas redes (e olha que nem participo de tantas assim), tenho percebido que as pessoas expõem cada vez mais suas vidas, seus corpos sua intimidade. É um hábito ao qual todos estamos sujeitos, pois quem nunca acordou e estava sentindo-se tão bem que precisava postar uma frase ou uma foto para que as pessoas saibam disso? Ou se achou tão belo (a) com uma roupa que quis postar uma foto para que todos vejam?

Mas existe algum problema nisso? Com certeza não. O problema surge quando você começa a postar fotos, frases ou vídeos bonitos para que as pessoas vejam quando na verdade fora do aparelho móvel, das redes sociais você está triste, seu interior está feio e talvez você tenha se enfeitado tanto para a foto que não consiga nem mesmo reconhecer a pessoa que é. O problema surge quando você faz tudo isso apenas para agradar aos outros.

Existe algo de muito terrível em tudo isso. Na maioria das vezes por trás de tanta exposição na verdade existe um grito de socorro, um pedido de atenção, de ajuda. Uma busca por preencher o vazio da alma.

Fico me perguntando o que leva homens e mulheres, jovens, bonitos a exporem seus corpos para milhares de pessoas que nunca viram na vida. Será que na busca por “likes” vale tudo? Até mesmo fingir ser quem não é apenas para agradar ao ego e depois voltar à companhia triste do vazio interior? Por que motivo preciso expor meu corpo, estar sensual para atrair olhares? Por que preciso me esforçar tanto para despertar interesse de alguém? Se as pessoas se interessam mais por uma foto que eu poste seminua, do que por uma paisagem que achei bonita, fica óbvio que o interesse delas nunca foi em mim. CLARO QUE CADA UM É LIVRE PARA FAZER O QUE QUISER DE SUA VIDA. Mas o ideal é que essas escolhas sejam conscientes.

Muitas dessas pessoas parecem ter um tipo de vida dupla. Uma em que a família e os amigos podem ver porque não choca tanto, não gera opiniões que não se quer ouvir e outra onde podem ser quem quiserem e parecerem pessoas poderosas, cheias de autoestima, que não dão importância aos problemas e ouvidos a ninguém. O pior de tudo isso são as pessoas que só enxergam a segunda opção. E essas, acham tudo tão sedutor e envolvente que compram a ideia e querem ser como eles PARECEM ser. E é ai que mora o perigo. Reproduz-se um comportamento que em muitos casos é nocivo, como se fosse algo normal.

O mundo caminhou com tanta velocidade para um progresso destruidor onde poucos perceberam e estão fazendo o caminho inverso. A internet, as redes sociais, nos deram tanto poder e liberdade, mas não estávamos preparados para administrá-los, por isso usamos mal. Estamos nos autodestruindo. As pessoas preferem passar cinco horas em um smartphone em redes sociais esperando uma curtida, um comentário em sua foto ou até mesmo uma resposta a seu comentário do que visitar um antigo amigo, um parente. Sentar no portão para observar os vizinhos, fazer contato visual, observar os detalhes. Tudo isso nos torna menos empáticos.

É preciso ter maturidade, percepção e coragem para perceber que nem tudo é normal, que as vezes precisamos de ajuda, precisamos de mudança de uma limpeza interior.


“Caro Júlio Verne, a maior loucura é viver sem um sentido existencial. Sem sentido vivemos por viver, a vida não tem brilho, o caos não nos amadurece, a cultura não nos remete à sabedoria. Sem propósito, a mesa, por mais farta que seja, nutre o corpo, mas deixa faminta a alma. Sem propósito, vivemos num campo de concentração mental, ainda que rodeado por jardins. Não tenha medo de morrer em Auschwitz tenha medo de viver uma existência sem sentido.” Assinado Viktor Frankl , do livro Em busca do sentido da vida - Augusto Cury