segunda-feira, 31 de março de 2025

Despedidas

Eu percebi que tenho muita dificuldade com as despedidas e os fins. Algo que olhando agora parece claro, mas que essa semana ficou mais evidente. 

Essa foi uma semana atípica pra mim, passei por um momento que nunca havia passado, que até meses atrás eu estava morrendo de medo e precisei de bastante tempo para aceitar que não tinha outro caminho.


Em decorrência disso meus dias precisaram ser adaptados, precisei desacelerar meu ritmo, compreender que era pra descansar, pra esperar que fizessem por mim. 


Embora eu tivesse o direito de não trabalhar, não me programei para isso, pois achei que seria muito rápido a recuperação, mas não foi precisei de mais tempo, embora esteja sendo tranquila.


Então precisei organizar um setting terapêutico para atender e no fim tudo deu certo. Mas hoje (14/03), ao finalizar os atendimentos precisei desmontá-lo para voltar a minha rotina, voltar pra casa e nesse momento veio a nostalgia.


Percebi aquele velho sentimento que eu tinha todas às vezes em que fui a um lugar onde eu me senti muito bem e depois tinha que voltar pra casa. Um aperto no coração, uma sensação de estar perdendo algo e por fim a despedida.


Então entendi que por mais que eu saiba que tudo pode chegar a um fim e que eu às vezes saia como se não tivesse sido afetada, eu não sei lidar com as despedidas, com os fins.


E não é apenas sobre lugares e coisas. Mas eu já conheço meu ritual.


#despedidas #registros #saúde #memórias

quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Diálogos sobre liberdade

    Nesses últimos dias, eu conversei com umas amigas sobre estar desejando fazer coisas novas, porque geralmente eu me entedio facilmente com quase tudo. Uma delas me sugeriu fazer aulas de circo para movimentar o corpo. Achei bem interessante, comecei a procurar e me chamaram a atenção as aulas de lira e tecido, pela sensação de liberdade.


    Na quarta à tarde enquanto caminhava para a aula do mestrado, fui refletindo sobre coisas que eu gostaria de fazer, como aquelas listas para fazer antes dos XX anos. Mas que eu quisesse fazer  por um desejo genuíno e não porque as pessoas fazem ou estão na moda. Esse sempre foi um incômodo, mesmo que em algum momento eu tenha cedido.


    Pois bem, pensei no rapel, mas lembrei que eu tinha vontade de saltar de paraquedas, voar de parapente ou asa delta. Quando cheguei em casa comecei a procurar pessoas e valores. E a mesma sensação que eu tinha anos atrás reapareceu, liberdade.


    Fui me preparando para jantar e enquanto lavava a louça e lembrei de um exercício que fiz há anos atrás, quando participei de um grupo terapêutico. Escolher imagens para fazer uma colagem e dizer o que elas representavam. Lembro-me de ter escolhido uma imagem de céu bem azul, sem nenhuma nuvem e ao falar sobre ela eu disse que me trazia a ideia de liberdade e isso era algo que eu queria ter na vida.


    Hoje, refletindo sobre minha busca, por coisas que me interessam fazer, percebi que todas elas me possibilitam esse sentimento de liberdade. E fiquei pensando que a liberdade está muito mais em você se desobrigar de fazer as coisas que todo mundo faz ou diz que deveríamos fazer, do que viver sozinha, sair sozinha, evitar criar vínculos e fiquei feliz em perceber que estou trilhando esse caminho.


    Esse é um momento da minha vida em que tenho feito muitas auto reflexões sobre "o estar sozinha" e sim, causa muito incômodo. Mas é também um período de reconexão e acho que isso tem muito a ver com amadurecimento. Resgatar quem fomos, aceitar quem somos e permitir que sejamos quem desejamos ser.

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#liberdade #circo #autonomia #voo

 

quarta-feira, 15 de maio de 2024

Eu escolhi interromper os ciclos de violências

              O título deste texto surgiu a partir de uma reflexão em torno da forma como trato as pessoas, esmo aquelas que apresentam um comportamento desagradável em relação a mim.

Tenho bem estabelecido em minha forma de pensar que quero sempre tratar bem e com respeito todas as pessoas porque é também dessa forma que gostaria de ser tratada. Sempre consigo? Não. Às vezes eu sou desatenta na relação com o outro, às vezes autoritária, por vezes não consigo me comunicar de forma assertiva o que sinto e em alguns momentos sou individualista e não entenda ser individualista como um problema. Nós precisamos mesmo estabelecer certos limites nas relações para que não nos percamos de quem somos e para que sejamos respeitados. Mas é preciso estar atento à medida da individualidade.

E acho que esse é o ponto para que eu entre no tema que queria trazer. A violência presente na experiência de vida de pessoas negras que inevitavelmente produz uma subjetividade, a forma de ser de cada ser humano, adoecida.

Desde a infância os corpos negros experimentam diversos tipos de violências, sejam no ambiente familiar, no escolar, nas instituições sociais pelas quais passa ao longo de sua vida como um todo, devido a estrutura racista em que nossa sociedade foi formada e que define não só a forma como pessoas não brancas serão tratadas, como também os lugares que elas podem ou não ocupar. E o lugar de ser humano que merece receber afeto, é um dos que lhe foi retirado o direito de acessar, provocando tamanha desumanização desses corpos.

Não vou entrar aqui em detalhes das consequências do racismo na vida de pessoas negras para não gerar maior sofrimento e não cair no erro de unificar as experiências, apesar de já estar posto que existe uma narrativa comum quanto a essas experiências e o racismo em suas diversas formas é o que as atravessam.

Pois bem, resgato aqui o objetivo deste texto: o resgate da humanidade através do afeto e do cuidado. Entender que por anos nossos corpos têm sido tratados como mercadoria e que precisamos resgatar formas de cuidar que nos devolva o direito de sentir e falar sobre o que se sente são imprescindíveis para perpetuar e afirmar nossa existência. E não há caminhos para se fazer isso que não passe pelo aquilombamento, pelo resgate dos valores africanos e do sentido do que é viver em comunidade.

Sendo assim, para mim, é claro o entendimento de que se eu escolhi interromper esses ciclos de violências sofridas por mim e por minha comunidade, eu preciso ter comportamentos que condizem com isso.

O Psicólogo Rômulo Mafra diz que “o maior genocídio da escravidão foi o assassinato da autoestima do negro, que persiste até hoje.” E olhar principalmente para pessoas negras, suas experiências, seus traumas e adoecimentos com afeto, oferecer cuidado, escuta e criar um ambiente para que ela possa não reviver essas dores, mas conseguir verbalizar e ressignificá-las, é parte fundamental do objetivo de devolver a humanidade aos corpos negros e possibilitar a formação de outras subjetividades. 

Talvez essa atitude se aproxime ao máximo do que Bell Hooks define como amor, que estaria mais no campo da ação do que de um sentimento. Seria um movimento que nos coloca contra o domínio e opressão aos quais fomos submetidos há anos. E que envolveria a “combinação de cuidado, compromisso, conhecimento, responsabilidade, respeito e confiança”. E para entender esse conceito precisamos pensar amor, fora da lógica ocidental.

E como Psicóloga que segue uma abordagem terapêutica humanista, onde acredita-se que existem três condições facilitadoras nas relação terapêutica e que precisam ser intrínsecas ao terapeuta, eu não poderia ser diferente. Essa forma de ser se expressa na vida e na clínica.

#saúdementaldapopulaçãonegra #saúdemental #psicologia #psicoterapia


quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Propósitos, qual o seu?





Tudo o que acontece em nossa vida tende a nos levar ao propósito que temos nela.

Às vezes, quase sempre, não compreendemos e isso pode nos causar angústia, sofrimento, porque tentamos seguir um fluxo diferente do sentido em que a roda está girando. Porém, se tivermos abertura, no momento exato as respostas vêm, as coisas começam a fazer sentido e nos alinhamos ao fluxo da vida. E aí, milagrosamente (ironia), as coisas fluem.

Eu geralmente falo sobre uma frase do Steve Jobs que eu guardo há anos: "Tenha a coragem de seguir o que seu coração e sua intuição dizem. Eles já sabem o que você deseja. Todo o resto é secundário." Mas, às vezes eu esqueço. E são nesses momentos que inesperadamente, meus mentores espirituais, minha ancestralidade (como queiram chamar) entram em ação me lembrando que é preciso silenciar e me ouvir.  Ouvir aquela vozinha que muitas das vezes, na correria do dia a dia, ignoramos. 

E a resposta vem...

Iyá Janaína Portela diz: "Propositalmente esquecemos para o que viemos, nossa missão é relembrar". 

"Quem tem fé não fica sem resposta." Mãe Flávia Pinto.

Já se ouviu hoje? Qual a direção que você tem seguido?

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#propósito #vida #espiritualidade #matriarcado

Créditos da imagem: https://www.setedias.com.br/noticia/dez-por-um/119/sobre-propositos/27712

sábado, 21 de outubro de 2023

Serenidade



Eu sempre compartilho aqui o quanto estudar sobre espiritualidade me ajuda a compreender as coisas que acontecem em vida. Umas fotos que tirei hoje, me trouxeram a mais uma reflexão.

Estudar sobre orixá oxalá me ensina que tendo calma e serenidade pra caminhar, consigo ter tempo pra refletir e olhar a minha volta. Me ensina, por mais que seja difícil, a viver um dia de cada vez, a não ter pressa pra resolver tudo, porque nem tudo depende de mim.

Estou aprendendo que preciso fazer o que está ao meu alcance da melhor forma que eu posso, tirar um tempo para descansar e refletir porque assim eu chegarei onde quero menos cansada e mais sabia.

Nem sempre foi assim, nem sempre é fácil, mas aprendi que era o necessário. Aprendi que as linhas de chegada são muito importantes, mas a forma como eu caminho também.

Porque na vida, às vezes, a gente precisa fazer o caminho de volta, mas correndo eu não consigo prestar atenção nele e isso dificulta a criação de estratégias, custando um tempo maior para chegar.

Segundo Nego Bispo, nossa vida é começo, meio e começo.

Epá Babá! 🤍🕊️

*Imagem da internet 

#tempo #oxalá #paciencia # serenidade